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A Cultura do Software Livre

Texto escrito por Elenara Cariboni

Tomando-se em conta a cultura como algo acabado, pode-se dizer que:
A cultura serve, entre outras coisas, para que as pessoas possam pensar o significado e valor das coisas.


Justificativa:

Colaboração talvez seja o embrião desse movimento que, nos dias de hoje, toma conta do mundo: o software livre. Por seu aspecto meio pós-Woodstock, pela natureza libertária de seus integrantes, o software livre tende a ser visto como uma curiosidade, um movimento de sonhadores incapaz de superar o poder financeiro das grandes corporações,

Nas comunidades de software livre, a experiência que enterrou definitivamente o fordismo, somam-se as sementes libertárias de Woodstock, da contracultura aos avanços da engenharia de projetos para criar uma nova civilização. Não é um trabalho hierarquizado. Seus fundamentos são a definição de um objetivo comum - no caso, o desenvolvimento de um sistema operacional ou de um aplicativo. Depois, um conjunto de protocolos e regras que devem ser seguidos para permitir a compatibilização dos módulos. Cria-se a comunidade sem hierarquia, sem comando, apenas articulando vontades. A comunidade tem acesso ao código-fonte inicial e pode trabalhar em cima, fazendo as implementações que bem desejar. A coordenação é dada pela necessidade de compatibilidade e por um administrador incumbido de analisar se cada módulo desenvolvido pode ou não ser agregado ao produto principal. Não há limites para a criatividade, demole-se o mito de que a patente é ferramenta fundamental da inovação, junta-se o ambiente anárquico da inovação em torno da disciplina do padrão, democratiza-se o conhecimento, mas de uma forma tão profissional que pode se aplicar a qualquer ramo da produção, da música às artes.


Objetivo:

O Forum Internacional de Software Livre é um verdadeiro meio ativo onde instituições cientificas, universitarias, industrias eletronicas, todos os tipos de ativismos midiaticos e contestatórios fazem fluir idéias, paixões e objetos fazendo com que o sistema operacional social e financeiro entre em ebulição e reaja. É desse movimento que o complexo de circuitos eletronicos e utopias socias são restituídos aos individious.


Pretende-se abordar em mesas de debates durante o FISL:


- a produção colaborativa, modelos baseados nos princípios de colaboração e auto-organização. Isso significa debater software livre, creative commons, jornalismo participativo, projetos de inclusão digital, rede centrada em pessoas, não somente em ferramentas.

- a propriedade que importa em nossos dias, a intelectual;


Alguns aspectos tornam-se de extrema relevancia na abordagem que se pretende, tais como:

- o fenômeno da crescente mercantilização de tudo. O mercado passa a aferir as importâncias das criações, elaborações, projetos de vida, realizações. São os instrumentos oferecidos pelo mercado que estão sendo difundidos para medir o grau das importâncias, mas serão estes os únicos?

- as manifestações artisticas e os imaginários estão imersos nesta problematica em sua atualidade. Talvez seja de extrema riqueza buscar no cotidiano as influencias trazidas pela crescente mercantilização de tudo e, sobretudo, nas significativas alterações trazidas por ela

- outro aspecto, ao mesmo tempo, mais interstício, embora não fique restrito a suas caracteristicas estruturais e está diretamente relacionado com a mercantilizaççao de certos valores referentes à política e as ideologias. As recentes crises, largamente propagadas e advindas de relações estabelecidas entre política e o mercado, ou a aspectos de mercantilização do político e do ideológico, apontam para a necessidade de debatermos para além das estruturas do estado e nos voltarmos, também, para os seus impactos nos imaginários sociais, globais.

- Diversidade Cultural não pode ser expressão vazia, muito menos seguir os modelos estrangeiros; Diversidade Cultural não é nacionalismo, muito menos internacionalismo demagógico. É alavanca de freio às mundividências unilaterais do Império (sentido negriano do termo). Se não praticada naturalmente, ligada mais às multidões do que "para" ela, segundo os donos do poder forjam o que elas não são. Multidões são as que interrompem Seattle, quase o conseguem em Gênova, criam problemas aos organizadores dos encontros de titica em toda a parte e não mais são atendidas pelas instituições (governos, parlamentos, cortes de Justiça). A Diversidade Cultural é delas, não das "autoridades" e dos grupelhos de intectuais e (de)"formadores" de opinião. Ser público é ser comunitário, nunca "estatal" ou "privado".

As mesas de debates tornam-se espaços extremamente ricos para estas reflexões, é preciso enunciar as palavras, afinal, tudo que é só-lido, desmancha no ar!


Sugestão de Palestras:

Reciclar tecnologia por uma cultura popular local

Adriana Veloso:

“No Brasil, desde que chegou o conectiva Linux em 1996, o sistema operacional livre e sua ideologia foram encarados e utilizados como um catalisador para ações que sempre existiram no mundo analógico das das culturas populares.

A partir da distribuição de uma documentação sobre como produzir, aliada à popularização de mídias como gravadores de Cds e DVDs, tornou-se muito mais acessível divulgar realidades regionais. Pois, em contraposição à diversidade brasileira, o monopólio das mídias trabalha em função do jabá, representando na telinha ou no rádio uma cultura muito mais estadunidense (*) que nacional. Quando muito destaca o sudeste e um nordeste rotulado em jargões comerciais.

Paralelamente, a interlocução das mídias livres trabalha mais diretamente com as pessoas, possibilitando que muitas outras vozes e opiniões sejam protagonistas. Conseqüentemente a diversidade é muito maior.

Em se tratando da realidade brasileira não faz sentido falar em investimentos milionários em hardware para promover essa difusão e produção cultural descentralizada. A grande questão fica em como trabalhar com a diversidade cultural e criatividade com poucos recursos.

O diferencial da abordagem brasileira com relação às ferramentas tecnológicas é que de fato temos disponível sucata e para nós o lixo tecnológico deve ser reaproveitado. Por isso, as pessoas que aplicam Metareciclagem em suas vidas levam o conceito de código aberto ao hardware, à parafernália tecnológica com um toque artístico, experimental e multimídia.”

(http://webinsider.uol.com.br/index.php/2006/12/24/reciclar-tecnologia-por-uma-cultura-popular-local/)
Adriana Veloso é Jornalista, Belo Horizonte. Trabalhou na revista Geek e colabora com diversos coletivos como o Centro de Mídia Independente, o Metareciclagem e o Midia Tática. Há dois anos trabalha na Ação Cultura Digital do Ministério da Cultura.

Low Tech multimídia

Tati Well:

“um pouco da história do software livre no Brasil e de como a filosofia da colaboração livre transbordou para fora dos computadores chegando à Cultura. Contextualizando iniciativas como a Associação Software Livre, os Indymedias (Centros de Mídia Independente), Re:Combo, Encontros de Conhecimentos Livres, Ação Cultura Digital, Pontos de Cultura, Acervo Livre, Metareciclagem e Mídia Tática

(http://www.overmundo.com.br/overblog/low-tech-multimidia )”

Tatiana Well é carioca e hoje mora no Rio Grande do Norte. Mestre em Estudos de Hipermídia pela Universidade de Westminster(Londres, Inglaterra); pesquisou o novo ativismo de mídia sob a orientação de Dr. Richard Barbrook; participa de projetos independentes como midiatatica.org, metareciclagem, g2g, mimoSa e contratv e organiza encontros anuais na interseção de arte, mídia, g~enero e tecnologia(midiatatica brasil(2003), digitofagia(2004),submidialogia(2005/2006) /etc) Integra também a equipe de implementadores sociais do projeto Gesac do ministerio das comunicações).

http://www.midiatatica.org http://turbulence.org/Works/mimoSa http://submidialogia.descentro.org http://contratv.net http://g2g.sarava.org http://www.metareciclagem.org http://www.idbrasil.gov.br

Cultura Livre

Lawrence Lessig

idealizador do projeto Creative Commons apresenta como a indústria cultural usa o direito para aprisionar a cultura e a criatividade.

Economia Compartilhada

Joi Ito presidente Fundação CC

projetos livres e de "economia compartilhada", como Mozilla Foundation, Open Source Initiative e Technorati, além da CC

(Texto sob copyleft)

Última alteração: 13/01/2007 às 14:22, por: magaly