Histórico
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Estúdio Livre - Midiativismo em Código Aberto


Fabianne B. Balvedi, Guilherme R. Soares, Adriana Veloso, Angelo Moscoso


Instituições - PSL-PR + ??


fabs(at)estudiolivre.org, glerm(at)estudiolivre.org, drica(at)estudiolivre.org, pixel(at)estudiolivre.org



This presentation intends to approach the evolution of the Estúdio Livre project in Brasil.

Born from an insight about free media tools necessities for research, development and production, the project has its cradle in the Programa Software Livre Paraná - a non-profit organization that promotes FOSS initiatives.

The goals are: to stimulate local production of free/open media; to analyze the professional potential of free/open media tools; to collaborate with the multimedia FOSS community; to experiment the use of artistic meta languages, mixing new technological processes and contemporary concepts; to build new interface possibilities using technologies once considered obsoletes.

Estúdio Livre is unique as a collaborative Brazilian Portuguese speaking network. The interaction with its environment are presented through personal weblogs, medias for download, manuals for users, forums, research groups, discussion lists and other unique collaborative work tools.

Last year, a partnership with the Brazilian government - Ministry of Culture - delivered a support to the whole implantation process of Cultural Hotspots, a project that uses free media tools in creative processes as a way to improve the circulation of cultural 'goods'. Through an interface to estudiolivre.org, each Hotspot is now becoming mediactive in the network.

This initiative is still restricted to the Portuguese language yet, but intends to interact very soon with the world wide net that also researches and develops professional and experimental media production softwares.

resumo

Uma das grandes inovações do mundo digital está na estrutura de divisão de trabalho que ocorre em uma rede aberta e que encontra no software livre seu melhor exemplo de funcionalidade.


1.Introdução

O Software Livre é um fenômeno que, a cada dia, ganha mais espaço tanto na mídia quanto na prática, sendo considerado como instrumento privilegiado para a inclusão digital e desenvolvimento tecnológico. Difunde-se a imagem dos sistemas abertos como defensores da liberdade na Era da Informação, capazes de vencer o monopólio proprietário. Nessa perspectiva, o software livre é apropriado como bandeira e arma estratégica de uma luta contra-hegemônica, que o coloca em oposição aos modelos fechados de sistema de informação. Dessa forma, costuma-se afirmar e defender que os sistemas operacionais livres são superiores tecnicamente, mais seguros e proporcionam uma imensa economia por não cobrarem licenças de uso.

Entretanto este discurso, ainda que leve à grande mídia certas questões, como a desigualdade do desenvolvimento tecnológico mundial e as conseqüências das leis de patente, falha por ignorar o que talvez sejam as características mais importantes do fenômeno do Software Livre: a sua dinâmica de produção, suas regras de circulação de produtos e a mudança de comportamento diante dos meios operada por sua lógica de utilização. Ele difere do proprietário não só quanto à natureza de sua materialidade, mas, principalmente, quanto às relações sociais em que está inserido. Ou seja, não é correto afirmar que software livre é melhor que software proprietário, e sim que ele é de outra ordem, esta, sim, mais justa e melhor que a proprietária.

Enquanto um modelo proprietário é motivado pela competição, o livre é motivado pela colaboração e generosidade. Em qualquer dos níveis de interatividade, estabelece-se uma relação horizontal entre produtores e usuários, que é completamente diferente da relação produtor/consumidor ou provedor/cliente, que são relações sociais de naturezas qualitativamente desiguais. Diferente dos softwares de código fonte fechado, a publicação com o código fonte aberto faz parte do processo de desenvolvimento, por ser o momento em que outros desenvolvedores participarão de sua construção.

Portanto, o novo paradigma colaborativo que apresentamos inspira-se no modo de produção do software livre e na estrutura de circulação de informação da Internet, devendo ser compreendido como um novo PROCESSO cultural emergente e não como novo PRODUTO cultural. Este PROCESSO pode ser definido como um ciclo de realimentação cumulativo, que faz a rede pensar e baseia-se no compartilhamento de informação como força motriz do processo de inovação tecnológica e da PRODUÇÃO de bens culturais.

Vale observar que a coexistência das variáveis PROCESSO e PRODUTO (ou PRODUÇÃO), em um fluxo contínuo de acontecimentos, só é possível de ser compreendida através da lógica difusa. A lógica tradicional ocidental, de Aristóteles, baseia-se em valores "verdade" das afirmações, classificando-as como verdadeiras ou falsas. Rejeita, portanto, a coexistência citada acima quando implica que um PRODUTO é o RESULTADO de um PROCESSO. Ou seja, quando o PROCESSO chega ao fim, tem-se o PRODUTO. Já a lógica difusa suporta os modos de raciocínio que são aproximados, ao invés de exatos, com os quais estamos naturalmente acostumados a trabalhar. Muitas das experiências humanas não podem ser classificadas simplesmente como verdadeiras ou falsas, sim ou não, branco ou preto. Já que o aspecto humano é chave de todo o processo
acima descrito, é desse modo que também que funciona e opera o Estúdio Livre.

2.Estudio Livre

lembrar de não citar o Cultura Digital do MinC

Os softwares multimídia livres encontram ainda mais barreiras devido ao desenvolvimento avançado das ferramentas proprietárias. Para suprir esse vácuo, surge o Estúdio Livre, um ambiente colaborativo na internet para interessadas/os na produção e difusão de mídias feitas com software livre e de forma independente. O objetivo do site é formar uma comunidade envolvida nessa pesquisa ativa - isto é, fazendo e ajudando outras/os a fazer - e incentivar a produção/circulação de bens culturais livres, ou seja, de obras que podem ser distribuídas, remixadas e retransmitidas livremente de forma legal e sem qualquer tipo de restrição a seu acesso – inclusive financeira. Portanto, pode-se afirmar que o ambiente colaborativo do Estúdio Livre está inserido no contexto de desenvolvimento de novas formas de produção de mídia e de pesquisa no campo da tecnologia da informação.

Todas as ferramentas do ambiente estudiolivre.org são baseadas nos conceitos de software livre, conhecimento livre e apropriação tecnológica. Os estímulos à interação com este ambiente se apresentam através de weblogs pessoais, mídias para download, manuais para usuários, fóruns, grupos de pesquisa, discussões em lista e outras ferramentas de trabalho colaborativo diferenciado.

Ao navegar através do site estudiolivre.org, o usuário percebe, na estrutura virtual embutida, não só a existência de informações na língua portuguesa, mas também as possibilidades de comunicar-se interativamente pela rede. A partir dessa percepção, ele passa a não mais se sentir sozinho com a novidade, e integra-se com mais facilidade ao processo. A idéia é que o portal torne-se uma referência para quem busca informações em língua portuguesa sobre produção multimídia em software livre e que aconteçam produções colaborativas entre os participantes do site.

Para interagir no site, o/a usuário/a deve cadastrar seus dados pessoais, informar que é o titular do material (fonogramas, imagens, audiovisual, softwares, textos, samples, etc.), que se está enviando para o estudiolivre.org e autorizar, sem exclusividade, a sua exibição e distribuição eletrônica; no endereço http://www.estudiolivre.org segundo as condições no Termo de Política de Uso do site. Deverá também declarar que todos os direitos autorais do site foram integralmente satisfeitos e autorizados, responsabilizando-se exclusivamente de forma irrevogável e irretratável pelas informações prestadas e assumindo a responsabilidade referente a quaisquer reclamações de terceiros acerca do material ora submetido. Deve também estar ciente de que o estudiolivre.org não assume nenhuma obrigação relacionada à exibição e distribuição de tais obras e que não será devida nenhuma remuneração pelo material licenciado, exibido e distribuído pelo site. Este aviso é um resumo do Termo de Uso do site.

O algoritmo recursivo do uso deste ambiente resultará no fato de que as diferenças entre os termos usuário e desenvolvedor cessarão de existir, pois é a cultura em seu mais puro estado que influenciará a direção e o sentido de sua existência.

3.Comunidade

Código Aberto, Arte e Ciência

A utilização de softwares de código aberto, com licenças que permitem compartilhamento e reutilização de seus códigos fonte é potencialmente um grande trunfo para a sustentabilidade de uma comunidade mais interdisciplinar que aproxima arte e ciência.

Estimulando este modelo de produção fomenta-se um espaço onde a ciência pode operar com mais inovação e a arte trabalhar com mais envolvimento no desenvolvimento das técnicas. Um dos grandes problemas da desumanização das tecnologias está no fato do não-questionamento dos mecanismos de repetição embutidos nas interfaces do softwares industriais. O computador é na maioria dos casos visto pelo artista como uma caixa fechada, que acaba ditando caminhos estéticos vinculados a padrões de interfaces e amarrando o produtor cultural a uma dependência cega de novos produtos e formatos que esta indústria lança.

No caso do software de código aberto a produção segue um ritmo de demanda e colaboração mútua onde o desenvolvedor tem um feedback imediato do artista e este pode ter um conhecimento mais avançado sobre o desenvolvimento de suas ferramentas de trabalho, já que a produção destes não fica eternamente dentro do ciclo de "segredos industriais". Neste caso o conhecimento mais profundo para um método próprio de utilização da tecnologia é conseqüentemente estimulado e o potencial de customização de seus processos de produção torna-se muito maior, trazendo inclusive um maior interesse pela ciência e métodos que tornam isto possível.

Já o cientista encontra neste ambiente um incentivo muito grande para sua criatividade e uma quebra de distâncias entre sua técnica e a técnica do artista, trazendo a visão de que produzir um código, projetar uma interface ou máquina pode ser uma técnica carregada de intenção comunicativa e tão lúdica quanto pinceladas em um quadro ou dedilhadas em um violão. Estimula-se uma visão muito menos tecnicista de seu trabalho, trazendo a tona novamente a figura do inventor, jogando a luz da poesia sobre suas criações.


Meios de Produção Colaborativos.

A maneira como o software livre é produzido é sem dúvida um dos mais bem sucedidos modelos de gestão orgânica e participativa de um trabalho coletivo já conhecidos. A idéia de produzir participativamente usando interfaces na internet que permitem edição de código, verificação de diferenças entre versões, fóruns de discussão e listas de emails fomentou a construção de sistemas operacionais completos que hoje chegam a ser tão competentes para certos nichos de aplicação que são mais utilizados do que as aplicações "proprietárias", como no caso de servidores web. Isto acontece porque desta maneira mais "aberta" é mais direto e inteligente resolver problemas e implementar inovações do que de maneira "fechada" onde as partes se isolam do todo, vendendo serviços terceirizados e "secretos".

Esta visão influenciou muito a maneira de ver a produção artística neste ínicio de século. Ficou explícita a situação de que a produção artística poderia chegar diretamente em seu público sem intermediários e atingindo diretamente os interessados, sem precisar moldar-se a exigências estéticas e "mercadológicas" de seus distribuidores (muitas vezes suposições retrógadas que atrapalham a criatividade), compreendendo melhor seu campo de ação de maneira mais orgânica. Por outro lado isto gerou a necessidade de rever a questão de como fica o reconhecimento e remuneração desta autoria, sendo que potencialmente todo consumidor pode ser um distribuidor ou mesmo um colaborador nesta produção.

Uma das soluções propostas, e colocadas em prática pelo Estúdio Livre é o fomento a produção colaborativa, com o uso de liçencas de compartilhamento para tratar de seus direitos autorais. Desta maneira o produtor cultural dá o direito prévio ao seu "público" a re-distribuir sua obra cobrando ou não por isto ou mesmo tornar-se parceiro na sua produção criativa. Assim cria-se um relação onde consumo e produção são partes de um mesmo ciclo onde o grande lucro é o conhecimento adquirido e o estabelecimento de redes sociais que cedo ou tarde serão parceiras em iniciativas para uma sustentabilidade mútua e criam uma cadeia de fluxo desta produção que quebra barreiras culturais e geopolíticas possibilitando nichos autônomos, muito mais auto-referentes e conscientes de suas direções e mais aptos a refletir sua influência sócio-econômica e o papel de sua produção.



4.Considerações Finais

O escopo de atuação do Estúdio Livre concentra-se no fomento a aproximação dos ciclos de desenvolvimento e utilização dos softwares livres para produção midiática e o incentivo ao compartilhamento e colaboração nesta produção. Coloca-se antes de tudo como um coletivo que conta com voluntários da comunidade que compartilha estes interesses para soberania dos princípios e autonomia de suas propostas. Por outro lado incentiva a participação de seus membros mais ativos em consultorias e implementações de projetos que precisem desta metodologia de trabalho, utilizando como ferramenta o material de documentação e obras do website. O Estúdio Livre também aceita doações voluntárias e parcerias de instituições que estejam utilizando seu material ou desejem incentivar produções específicas na comunidade ( documentações de algum software, compilação de documentação, customizações ou produção multimídia ), sempre respeitando as licenças colaborativas dos autores e quando tal utilização objetivar fim lucrativo procurar estes para discutir as implicações.

A meta é incentivar um ciclo onde o desenvolvimento colaborativo dos softwares livres para produção multimídia e os produtos gerados com estas ferramentas encontrem um fluxo de distribuição, sustentabilidade e compartilhamento de conhecimentos técnicos e criativos, criando um cenário de produção cultural e tecnológica mais participativa, que possa gerar reflexões menos alienadas do que o puro consumo de "entretenimento" e uma maior consciência do papel social de todos envolvidos, percebendo-se como parte de um processo interdependente, aberto e coletivo.




KEYWORDS

Media Activism, Collaborative Environment, Free Culture, Open Knowledge

















REFERENCES

http://www.estudiolivre.org

http://www.estudiolivre.org/videos

http://culturadigital.estudiolivre.org

https://lists.riseup.net/www/info/estudiolivre

http://estudiolivre.org/tiki-index.php?page=Compila%C3%A7%C3%A3o+Textos+da+Cultura+Digital+2005


Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso? Não-Comercial-Compartilhamento? pela mesma licença 2.5. Para ver uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/ ou envie uma carta para Creative Commons, 559 Nathan Abbott Way, Stanford, California 94305, USA.

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05:19:51 de 26/02/07 fabs200.175.14.74troquei os conceitos virtual e real por abstrato e concreto 30  v  s  c  d  
05:51:45 de 21/02/07 fabs201.14.164.80adicionei a licença CC ao final 29  v  s  c  d  
05:27:40 de 21/02/07 fabs201.14.164.80pequenas correções na formatação no wiki 28  v  s  c  d  
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05:14:54 de 18/02/07 fabs201.14.164.80mudança radical na estrutura do artigo 24  v  s  c  d  
21:30:38 de 15/02/07 fabs201.14.164.80fiz modificações na introdução 23  v  s  c  d  
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00:22:08 de 16/02/06 flavio200.207.152.107pequeninas alterações: acento e ordem de palavras 20  v  s  c  d  
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