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Os Objetivos e os Objetos

Consciência pode ser considerada como sendo o núcleo, o mais íntimo, o fundamento que caracteriza ser humano. Aquilo para o qual serve todos os sentidos de que é provido o ser, incluído entre os sentidos, o pensamento.
Realidade pode ser considerada como tudo aquilo que é sentido e levado à consciência.
Com alguma arbitrariedade, dessa forma escolhemos alguns conceitos convenientes – nomeadamente a consciência, os sentidos e a realidade manifesta, para representar entidades fundamentais, sobre as quais procuramos explicar tudo o que acontece.
Continuaremos com essa hipótese, iniciada com a declaração dos três elementos iniciais e articularemos tais entidades sob uma ordem:
Existe uma realidade, ou algo que acontece; Existem sentidos, isto é, meios para que se apreenda o que acontece. Talvez não tudo o que acontece, mas só parte, aquilo que os dispositivos que provêem os sentidos estão aptos a capturar e levar à consciência; E existe a consciência, o que dá significação ao que os sentidos “trazem da realidade”, que organiza de forma significativa para alguma finalidade, um conjunto de manifestações percebido.
Ampliando um pouco o cenário, da multiplicidade do que ocorre, uma entidade, que é um ser humano, percebe uma quantidade encadeada de fenômenos. E só percebe o que serve para alguma coisa, independente dessa coisa poder ser formalmente declarada. Tem o ser humano, como agente da realidade, de responder a disposições de consciência que impelem à observação seletiva de classes de fenômenos.
Tudo isso também pode ser usado como uma ficção. Três personagens: Um depósito de recursos, a realidade; um meio de acesso, os sentidos; uma entidade de contextualização, a consciência, esta tomada em uma acepção individual. Podemos contar muitas histórias usando essas personagens. À medida que tais histórias se desenvolvem, observaremos também padrões de relacionamentos entre as personagens. Recorrentemente, enquanto agimos, geramos também elementos de manifestação que passam a pertencer à multiplicidade de fenômenos da realidade e também poderiam ser categorizadas em padrões.
Se pudermos formular um sistema no qual, a partir da configuração de certos padrões, outros ainda pudessem ser previstos, talvez obtivéssemos dessa forma, um método coerente de comunicar os acontecimentos do mundo. Mais ainda, de manipular os elementos para satisfação de disposições de consciência, enfim, estabelecer uma heurística para essa satisfação.
De fato é isso que a humanidade tem feito por meio de seus registros filosóficos, com mais intensidade, nos últimos quatro séculos.
Uma forma foi armada para que, em se elegendo necessidades a serem satisfeitas, encontra-se, ou busca-se encontrar, respostas para tal satisfação. Os roteiros de nossa história, como numa brincadeira, estão sendo construídos em torno de delimitação de contextos e de levantamento e correlação de fenômenos correspondentes a esses contextos. O contexto é sempre o de um objetivo a ser alcançado. Os padrões de manifestação são os objetos a serem articulados. São objetos, não somente materiais imobilizados, mas também os processos padronizáveis para a imobilização material. Dessa forma, com um sistema de objetos articuláveis, erigimos como humanidade, um edifício de técnicas de administração de recursos nos âmbitos econômico, cultural e normativo, onde se vive para o atingimento de finalidades. O pensamento nessa tradição, cultivado como doutrinário, impele o agir moral como direcionado de forma declarativa a objetivos.

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enviada por: steixeiradecarvalho em: 18:29 - 04/11    |    permalink    |    0 comentários    |    comentar

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