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AGENDA 21

"A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importância na construção dessa nova ecocidadania, num processo social no qual os atores vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível rumo ao futuro que se deseja sustentável"
Gilney Viana


A Agenda 21 propõe a integração entre meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo o combate à pobreza como condição primordial para garantir a sustentabilidade. Enquanto plano estratégico, parte de uma visão integrada de diversos componentes e aborda, entre outros tópicos, a garantia dos direitos das mulheres e dos grupos vulneráveis, o papel das comunidades locais, a gestão de recursos naturais, os processos democráticos, etc. Oferece, portanto, um arcabouço para o desenvolvimento sustentável, levando a concluir que, se o capital naturalrestringe o processo econômico, é preciso maximizar a produtividade desse capital, nocurto prazo, aumentando a sua oferta , no longo prazo.


Para discutir a AGENDA 21, Miguel Farias convidou Evandro Araújo, coordenador da Agenda 21 que engloba os municípios de Camaragibe, São Lourenço da Mata, Araçoiaba e Paudalho, e parte de Abreu e Lima, Recife e Paulista e o médico Celerino Carriconde (Coordenador do Centro Nordestino de Medicina Popular

DR. CELERINO CARRICONDE-COORDENADOR DO CENTRO NORDESTINO DE MEDICINA POPULAR

PSICÓLOGO E UM DOS CORDENADORES DA AGENDA 21/PE

A Agenda 21 de Pernambuco constitui, sem dúvida, um marco na elaboração de políticas públicas no Estado. De início, resultou de uma obrigação assumida durante a Rio 92, mas o seu resultado expressa, sobretudo, um caminho de mudança, pactuado entre muitos, para um desenvolvimento sustentável que ultrapasse os umbrais de uma agenda ecológica, articulando o planejamento aos setores socioambientais e econômicos. Por fim, o fato de que a Agenda 21 Estadual, apesar de focalizar o futuro, resgata também o que já foi realizado no Estado em busca de uma sustentabilidade, deixa a certeza de que a sua implementação é possível, pois conta com o poder transformador da sociedade.

A Agenda 21 do Estado de Pernambuco tem por base a Agenda 21 Global, a Convenção de Combate à desertificação, a Convenção da Biodiversidade, a
Declaração do Milênio, e a Agenda 21 Brasileira. Vale salientar que há, entre a Agenda Global e a Declaração do Milênio, uma estreita relação, principalmente nas dimensões sociais e econômicas e no gerenciamento dos recursos para o desenvolvimento.
O conceito de desenvolvimento sustentável, conforme consagrado pelo Relatório Brundtland é aquele que satisfaz às necessidades do presente, sem comprometer a
capacidade das gerações futuras em satisfazer as suas próprias necessidades.
De maneira operacional, o desenvolvimento sustentável pode ser conceituado como “o processo de mudança social e elevação das oportunidades da sociedade, compatibilizando, no tempo e no espaço, o crescimento e a eficiência econômicos, a conservação ambiental, a qualidade de vida e a eqüidade social” (Buarque 1994). Esse conceito encerra três grandes conjuntos interligados, embora com características, funções e papéis distintos no processo de desenvolvimento:

Trata-se, portanto, de um processo de compatibilização de interesses, ações e sistemas, com alto grau de complexidade, e que terá as mais diferentes formas concretas, pois será sempre fruto dos condicionantes históricos específicos da realidade objetiva. Ainda
assim, algumas diretrizes genéricas são úteis. Ignacy Sachs contribui com o chamado tripé mágico: prudência ecológica, eficiência econômica e justiça social. A prudência ecológica levará à parcimônia no uso dos recursos naturais, garantindo a permanência
das atividades econômicas e da qualidade de vida. Eficiência econômica significa criar as condições para que os níveis de quantidade e qualidade da produção se elevem para os mesmos níveis de utilização dos recursos. Justiça social representa a igualdade de oportunidades para todos os contemporâneos.

A Agenda 21 de Pernambuco é um processo de planejamento participativo, com a mobilização de todos os segmentos da sociedade, que diagnostica e analisa a situação
do Estado e estabelece uma estratégia de ação, baseada em compromissos de mudanças, democratização e descentralização. A construção da Agenda teve a
coordenação do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – Sectma, e da Secretaria Executiva do Fórum Estadual da Agenda 21 de
Pernambuco.
As discussões em torno da Agenda tiveram início em 1999, ano em que foi criado o Fórum Estadual da Agenda 21 de Pernambuco, com a finalidade de acompanhar e avaliar o processo e a implementação de um plano de ação estratégico, visando à formulação de políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável, com a participação contínua de todos os segmentos da sociedade.
A construção da Agenda 21 de Pernambuco baseou-se na metodologia da Agenda 21 Brasileira, consultando a população e adequando as premissas e os temas considerados prioritários à realidade do Estado. O processo de elaboração do plano estratégico observa o estabelecimento de parcerias, enfatizando que a Agenda 21 não é um plano de governo, nem uma agenda meramente ambiental, mas uma proposta de estratégia integrada, destinada a subsidiar políticas públicas e estabelecer mecanismos de controle social que garantam a co-responsabilidade dos parceiros, inclusive na fase de
implementação das ações.

CIDADES SUSTENTÁVEIS
Esse tema abordou o uso e a ocupação do solo; planejamento e gestão urbana; habitação e melhoria das condições ambientais; garantia de direito de acesso às
cidades; padrões de consumo; reciclagem e coleta seletiva de lixo; prevenção, controle e diminuição dos impactos ambientais em áreas urbanas; conservação do
patrimônio histórico; rede urbana e desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos; transporte urbano; abastecimento de água e serviços de esgoto sanitário.
INFRA-ESTRUTURA
O debate em torno desse tema abordou questões, tais como: transportes e uso de tecnologias seguras e menos poluentes; maior cobertura social dos serviços
energéticos; fornecimento de energia ambientalmente saudável; racionalização do uso de energia alternativa e reavaliação dos atuais padrões de consumo; e comunicação, compreendendo telecomunicações, computação e informação.
REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS
Foram trabalhados, nesse tema, os seguintes itens: pobreza; sistema educacional; qualificação e emprego; distribuição de renda; saúde; dinâmica demográfica e os
impactos sobre o desenvolvimento; acesso de oportunidades aos grupos considerados vulneráveis, como mulheres, crianças, adolescentes, índios,afrodescendentes, etc.
ECONOMIA SUSTENTÁVEL
As discussões abrangeram os princípios da economia sustentável em Pernambuco e a visão regionalizada do Estado em termos das vocações e potencialidades para o
desenvolvimento. Foi feita uma análise da cadeia produtiva e do papel das novas tecnologias, principalmente no que se refere ao apoio a empreendimentos inovadores. Foi abordada a criação de instrumentos econômicos que venham a induzir políticas e ações.
GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS
Esse tema focalizou os seguintes itens: solo; recursos hídricos e florestais; uso e proteção dos recursos da fauna e da flora; recursos pesqueiros; preservação e
conservação e uso da biodiversidade; oceanos, zoneamento costeiro, mangues, conservação e uso sustentável dos recursos do mar; instrumentos de monitoramento
e controle; e políticas voltadas para o manejo adequado do uso dos recursos naturais.
COMBATE À DESERTIFICAÇÃO E CONVIVÊNCIA COM A SECA
As discussões envolveram: ciência e tecnologia para o desenvolvimento do semiárido, uso e conservação da biodiversidade, recuperação de áreas em processo de
desertificação, indicadores e monitoramento da desertificação, capacitação técnica e educação ambiental.


tags: miguel farias, agenda 21, celerino carriconde, evandro araújo

enviada por: programaliberdadedeexpressaonatv em: 01:02 - 19/09    |    permalink    |    0 comentários    |    comentar