imprimir
Carta Aberta ao MinC sobre aplicação do PAC na Cultura

em construção, gerada a partir da thread:
https://lists.riseup.net/www/arc/estudiolivre/2007-10/msg00090.html


O coletivo estudiolivre considera irresponsável a adoção, por parte do ministério da cultura, de software livre para o programa que prevê ampliar para 20.000 os pontos de cultura do país, se não houver uma mudança na maneira como o MinC se posiciona em relação ao uso de software livre.

Se for mantida a política atual do ministério, essa ação poderá ser prejudicial, tanto para os pontos de cultura, como para o desenvolvimento do software livre.

Atualmente o Ministério da Cultura encara o uso de software livre apenas como uma economia de recursos. Apesar do avançado discurso do ministro, a secretaria de programas e projetos culturais SPPC não tem uma compreensão clara da importância do uso e incentivo ao software livre, o que é refletido na falta de vontade e esforço para migrar os próprios computadores.

Com a postura atual, o ministério está dizendo: software livre para os pontos de cultura, porque é barato, e para nós software proprietário. Some a isso a inviabilidade de se fazer um treinamento e dar suporte aos pontos de cultura e você estará gerando um censo comum de que software livre é difícil e não funciona direito, que não serve para quem trabalha na área cultural.

Nós consideramos isso um desserviço a comunidade de software livre nacional e acreditamos que, na medida em que o governo decide adotar software livre, tem por obrigação investir em desenvolvimento de software, documentação e treinamento. Isso se torna especialmente importante para os software que o Ministério da Cultura utiliza nos pontos de cultura, pois são softwares para produção multimídia que carecem de investimento.

Alguns softwares de produção cultural utilizados nos Pontos de Cultura carecem dos recursos que têm outros softwares livres amplamente utilizados como o Firefox, OpenOffice e o Gimp. Por isso esses softwares necessitam de desenvolvimento contínuo e documentação em português. O investimento em softwares livres para produção cultural possibilitará o estabelecimento de uma comunidade de desenvolvedores nacionais capaz de dar continuidade ao ciclo de vida desses softwares, evitando que caiam na obsolescência.

Nós acreditamos que para atender as necessidades dos Pontos de Cultura em relação aos softwares para produção cultural, o MinC deve incentivar a criação e o aprimoramento de centros de pesquisa e desenvolvimento, e de promover o debate entre dos usuários dos pontos de cultura e a comunidade de desenvolvedores. Essa comunicação contínua entre usuários e desenvolvedores deverá ser viabilizada através de encontros presenciais (seminários, desconferências) e pelata internet em fóruns virtuais, wikis e outras ferramentas que sejam necessárias para dinamizar e documentar esta troca de saberes.

Queremos deixar claro que as equipes dos Pontões de Cultura Digital não poderão suprir as demandas de desenvolvimento dos softwares vitais para a produção de conteúdos dos Pontos de Cultura. Desenvolvimento de sistemas computacionais exige trabalho especializado, que possa dar continuidade a pesquisa e o aprimoramento dos algoritmos e da interface homen-máquina. Para que esses softwares se adeqüem a realidade brasileira dos Pontos de Cultura, faz-se necessário que desenvolvedores brasileiros sejam incentivados a se unir e assumir o desenvolvimento dos softwares livres utilizados nos pontos de cultura. O retorno que essa ação trará para os Pontos de Cultura e para o Movimento Software Livre Nacional será enorme, possibilitará a expansão no número dos Pontos de Cultura.


a carta deverá deixar claras as seguintes questões:
  • que o MinC está anos-luz de distancia de poder oferecer suporte técnico para todos os Pontos de Cultura hoje, que dirá para 20.000 em 2010;
  • que os Pontos de Cultura ainda não tem uma rede própria de suporte colaborativo;
  • que o MinC faz um uso irresponsável e precário do software livre, o que pode ter consequências muito graves, como associar software livre a software de graça que não funciona direito e que ninguém sabe usar, pois:
    • não há previsão de investimento direto em suporte, documentação e tradução;
    • não há previsão de investimento direto em DESENVOLVIMENTO. Os softwares multimídia, ao contrário das suítes de escritório e navegadores de internet, carecem muito de investimento. Se um governo adota esses softwares, é sua obrigação investir em desenvolvimento;
    • não usa software livre, nem treina seu pessoal para utiliza-lo. Ele defende o software livre para os pontos, mas ele mesmo não utiliza. Ou seja, fica claro que se trata apenas de economia financeira. Isso queima o filme e gera problemas estúpidos como o caso das planilhas em excel enviada aos pontos...

propostas:
  • investir em software livre;
  • investir em documentação e tradução;
  • investir na administração dos servidores que hospedam dados relevantes ao programa;
  • usar os pontões de cultura digital como nós fortes da rede de suporte;
  • diminuir a expectativa de novos pontos para 2010 para que se consiga dar conta do recado.



Última alteração: 29/04/2008 às 14:44, por: ricardo.ruiz