Jahshaka - tutorial de uso (parte 1)

dividido em três partes: parte 1; parte 2; parte 3







Introdução


Na cadeia de produção de vídeo, o Jahshaka é um software principalmente de pós-edição - adição de efeitos visuais, adição de objetos 3D, animação de camadas, adição de textos, etc. Embora possua um modo de edição, se comparado ao Cinelerra, ou mesmo ao Kino, ainda deixa bastante a desejar.

Este tutorial foi desenvolvido levando em consideração usuários do software em plataformas linux, em especial usuários da distribuição Debian que possuam conhecimentos básicos de uso do sistema operacional. Antes de prosseguirmos, algumas ressalvas sobre as versões existentes do Jahshaka:

Se você usa Debian Stable, o único pacote disponível é o 2.0RC1. Veja o tutorial de instalação para saber como instalá-lo sem dificuldades. O problema principal desta versão é que ela não renderiza no modo de edição, então temos que fazer uma gambiarra para suprir essa carência. Essa gambs vai comer muito da memória RAM e do seu espaço de SWAP, então é melhor que você tenha um computador muito bom, ou trabalhe com trechos bem pequenos de vídeo – para fazermos este tutorial, usamos como base uma máquina com 2GB de RAM e mais de 1GB de SWAP. Fora a questão da renderização, o programa funciona bem, ainda que algumas funções mais secundárias não estejam totalmente funcionais.

Já para Debian Unstable, havia um pacote do Christian Marillat que foi retirado do ar, mas que você pode baixar por aqui. As versões do MLT e do MLT++ que ele usa também podem ser baixadas por aqui. Além disso, talvez seja preciso instalar as openlibraries, então aqui segue o link. Esta versão funciona muito bem em Macintosh, pipocando muito poucas vezes, entretanto, no linux está muito lenta para processar várias coisas. A parte boa fica a cargo da renderização, que já consegue renderizar para DV bruto, sem perdas de qualidade.

Em um futuro próximo, é possível que consigamos fazer um pacote das versões mais atuais que funcione de forma satisfatória.

Este tutorial dá prioridade usuários da versão Debian Stable (2.0RC1) do software, por ser a mais fácil de instalar. Entretanto, ao lê-lo será possível atualizar as informações para a última versão, já que a interface nova possui poucas mudanças.

Notas sobre fontes livres


Uma das principais facilidades do Jahshaka, se comparado a outros softwares de edição, é que nele fica mais fácil mexer com textos dentro de um vídeo. Isso é especialmente útil para fazer GCs ou mesmo informações em forma de texto que aparecem na tela. Por isso, é muito interessante que você instale fontes adicionais em seu computador.

Para fazer isso, busque um site de fontes licenciadas de forma livre ou de fontes freeware (normalmente liberadas para uso não comercial) e baixe as que deseja. Copie essas fontes para o diretório /usr/share/jahshaka/fonts/ e o Jahshaka passará a carregá-las sempre que for iniciado - se você baixar um número razoável de fontes, digamos, umas mil, você vai reparar que o software demora mais para ser carregado. Isso vale também para o Gimp, você pode copiar essas mesmas fontes para o diretório /home/livre/.gimp-2.2/fonts/truetype/ . É melhor não jogar essas fontes num diretório comum a todos os arquivos como o /usr/share/fonts/, porque isso vai modificar todas as fontes padrão do openoffice e do mozilla-firefox, por exemplo. Não consegui adicionar fontes novas ao Cinelerra fazendo este tipo de procedimento.


Interface e preferências


Figura 1. Clique na imagem para ampliá-la.


Aqui temos uma visão do software mais ou menos como ele inicia. Podemos ver que há três áreas principais além do menu (situado na parte superior). A área 1 é a área de trabalho, que pode ser dividida em duas puxando a aba da esquerda, como vemos na imagem abaixo. Para abrir esta aba, chegue com o cursor até o canto esquerdo do programa – você verá que uma hora ele muda de uma cruz para uma espécie de barra com duas setas apontando uma para cada lado. Aperte o botão esquerdo do mouse e mantenha-o apertado ao mesmo tempo que arrasta a aba para a direita. A janela destacada abaixo agora estará visível. É possível abrir esta janela em todos os módulos disponíveis na área 2.

Figura 2. Clique na imagem para ampliá-la.


Voltando à primeira figura, é na área 1 onde estarão dispostos os vídeos, imagens e seqüências que serão usadas no projeto de edição. A área 2 dispõe os modos de trabalho que o Jahshaka possui. Na parte voltada para o Desktop (Área de Trabalho), podemos acessar as preferências do programa e os módulos de colorização e codificação, entre outras funções. Falaremos um pouco mais sobre os outros módulos da área 2 adiante - animação, efeitos, edição, pintura e trabalho de texto. A área 3 está sempre diretamente relacionada à função escolhida na área 2. A figura acima, da versão 2.0RC3 do programa (a mais recente, que usa bibliotecas instáveis), mostra as preferências do programa, que é para onde vamos agora. Clique em Desktop (área 2) -> Preferences (área 3).

Nas preferências, a primeira coisa que faremos é mudar a interface para uma que deixe os campos que podem ser mudados com mais destaque no layout do programa. Deixarei como estilo o tema “SGI”, como mostra a figura.

Figura 3. Clique na imagem para ampliá-la.


Figura 4. Clique na imagem para ampliá-la.


Da esquerda para a direita, marquei a opção “remember style” (lembrar estilo), para que este tema seja usado sempre que o programa for reiniciado. Depois, como minha máquina possui um HD específico para dados de vídeo, mudei o local onde os arquivos do Jahshaka serão armazenados – para fazer isso, tive também de copiar a pasta “media” que estava em /usr/share/jahshaka/ para esta nova pasta que criei em /mnt/hdb/. Este passo é obrigatório, pois, se você não fizer isso, aparecerá uma mensagem de erro e o programa não deixará uma nova pasta seja escolhida. Clique em “set path” para efetivamente mudar o local de armazenamento e confirme a escolha clicando em “yes” no box de aviso que surgirá, como mostra a imagem acima. A mudança no local de armazenamento só terá efeito a partir da próxima vez que o programa for iniciado.


Carregando um arquivo na área de trabalho (Desktop)


Dependendo da versão do Jahshaka que você usar, ele será capaz de carregar arquivos de vídeo com containers .DV, .MOV, .AVI e .MPEG ou até mesmo outros. Vale a pena testar para ver com quais tipos de arquivos sua versão consegue trabalhar. Nas versões mais recentes, todos os formatos de vídeo mais comuns são suportados, o que não é o caso da versão 2.0RC1, por exemplo – a que estamos usando como base para este texto.

O que também pode acontecer é um vídeo possuir o mesmo container (por exemplo, .MOV) e codecs similares, alguns dos quais não suportados pelo Jahshaka. Se você seguir a cadeia de produção em linux, dependendo também da versão do Cinelerra que usar, você terá como resultado um .MOV com um codec quicktimeforlinux/DVSD ou com quicktimeforlinux/DVCP. É possível verificar essa informação chamando o vídeo com o mplayer por uma linha de comando e examinando a impressão das informações, ou simplesmente tentar abrir o vídeo no Jahshaka. Como o DVSD não é suportado pelo Jahshaka, ao invés do vídeo aparecerá uma imagem em branco como pré-visualização.

Assim, se você tiver que transcodificar seu vídeo para um formato aceito pelo Jahshaka, use ferramentas como o FFMPEG ou o transcode para mudar o container, mas mantenha o codec em formato bruto (rawdv, raw, dvvideo) para que não haja perda na qualidade de imagem. Um exemplo de transcodificação de um .MOV -> .DV mantendo o codec em formato bruto é:

ffmpeg -i video.mov -vcodec dvvideo -sameq video.dv


A partir de agora, vamos carregar vários arquivos para ver quais extensões esta versão que usamos suporta. Para isso, clique em “Load”, conforme mostra a figura abaixo. Navegue pelas pastas até encontrar o vídeo ou imagem estática que deseja usar e clique duas vezes no ícone para abri-la. Caso haja muitos arquivos na pasta onde está o vídeo/imagem, fica mais fácil fazer a visualização por lista; para isso, clique no botão que destaquei na imagem abaixo.

Figura 5. Clique na imagem para ampliá-la.


Já é possível observar algumas coisas: carreguei vários arquivos e, na área de trabalho, todos ficaram empilhados conforme mostra a figura abaixo (número 1). Vamos arrumar isso em seguida. Antes, vale a pena observar que consegui carregar com sucesso vários vídeos com containers/codecs diferentes. O primeiro da lista é um .MOV/DV, o terceiro é um .AVI/DIVX, o quarto é um .DV/DV, o quinto é um MPEG2 e o último também é um .MOV/DV. Somente o segundo vídeo, o do Batiman (aquele, que zoa o Batman) não deu muito certo: trata-se de um MPEG1 (em destaque na figura abaixo, com a seta e o número 2 indicando). Vamos em frente.

Figura 6. Clique na imagem para ampliá-la.


Para melhorar a visualização dos vídeos na área de trabalho, usaremos uma facilidade chamada “tidy desktop” (arrumar área de trabalho), encontrada no módulo Desktop (área 2, conforme a primeira figura deste tutorial). O programa pedirá uma confirmação da escolha, assim como vemos abaixo:

Figura 7. Clique na imagem para ampliá-la.


...e as pré-visualizações dos vídeos serão postas em sequência:

Figura 8. Clique na imagem para ampliá-la.


Caso você pretenda trabalhar com muitos vídeos ao mesmo tempo (o que acontecerá mais cedo ou mais tarde, já que renderizaremos vários vídeos até termos uma versão final), é mais fácil fazer a visualização por lista do que por ícones. Para isso, clique no botão ressaltado na imagem abaixo:

Figura 9. Clique na imagem para ampliá-la.


Uma última função, encontrada nas versões mais novas do programa, é a de expandir os vídeos na área de trabalho para uma visualização frame-a-frame. Busque pelo botão “expand” na interface, ou clique duas vezes no vídeo e você terá algo como aparece abaixo. Repare também que, nas versões mais novas, o botão de arrumação da área de trabalho (“tidy”) já é encontrado mais facilmente – ele é o botão ao lado do “expand”, em destaque, e do “clear”:

Figura 10. Clique na imagem para ampliá-la.




Este tutorial está dividido em três partes. Você está na parte 1.

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Última alteração: 21/09/2006 às 15:35, por: drica