CASA BRASIL

Casa Brasil é um projeto que tem como principal objetivo reduzir a desigualdade social em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), levando para esses locais um espaço que privilegia a formação e a capacitação em tecnologia aliada à cultura, arte, entretenimento e participação popular, com forte apoio à produção cultural local. Superando os conceitos de inclusão digital vigentes, o Casa Brasil não leva somente computadores e conectividade. O projeto permite que a comunidade se aproprie da sua unidade, transformando-a em um espelho cultural do local em que foi implementada, concedendo também aos cidadãos a liberdade de decidir, via conselho gestor, os rumos das atividades que são oferecidas aos freqüentadores.
O Casa Brasil surgiu como um espaço comunitário, de uso gratuito e acesso irrestrito, para promover a inserção tecnológica, a divulgação da ciência, cultura e arte, gerando a ampliação da cidadania através de grandes fios condutores como: democratização das comunicações, compartilhamento de conhecimento, valorização da mulher, respeito à diversidade e desmistificação das tecnologias. As principais linhas de ação do projeto são: comunicação comunitária, governo eletrônico, educação ambiental, economia solidária, cultura livre/software livre, cultura local, direitos humanos, conhecimento livre, alfabetização e leitura. As unidades do Casa Brasil são caracterizadas por possuírem estrutura modular que contém: telecentro, sala de leitura, auditório, estúdio multimídia e laboratório de divulgação de ciências e informática.

MOMENTO ÍMPAR

I ENCONTRO REGIONAL CASA BRASIL DO CEARÁ


Bolsistas das unidades de Fortaleza e Caucaia, pela proximidade geográfica, já estavam empenhados no Encontro desde o início da semana. Assim o encontro já se dera bem antes mesmo do evento. Não foi preciso fazer nenhuma dinâmica. A interação, a troca, a vivência rolou livre.


Afinal, há muito se esperava um momento como esses. Ficava imaginando o Gutão, Krystian e Elton juntos no meta! A Erlane, o Marcus, a Carla, o Damião e o Marcelo na sala de leitura! O Abrãao, o Alexandre, Robson, o Filho, o Wellington no telecentro!!!


Sem contar na farra de reunir Meiry, Cristina, Paulo, Philipe, Orenilton esses coordenador@s que dão o sangue pelas suas unidades...trabalho feito com amor e sinceridade...sem falar, lógico, nas brincadeiras, fofocas, sarro que uns tiram dos outros...


Como notável é ver o crescimento do nosso Tec Fabrício e sua dedicação ao projeto. Era tudo que queríamos! Dá um corforto enorme em sabê-lo tão dedicado!


Nessa perspectiva, reuniram-se por módulo e começaram a recriar o ambiente da inauguração e do próprio encontro. A galera da sala de leitura metaReciclando a sala, construindo a estante com Pet, jornais e madeiras tiradas do lixo. Aliás, a lixeira do encontro fora construída com gabinete de computador antes tido como inútil por algum doador....


A galera do metaReciclagem e telecentro, compraram a idéia do Tec Fabrício de construir um link via antena da sede da prefeitura e tome ir ao centro da cidade, tome subir na caixa dágua e tome prazer dessa galera de não ter dia e nem hora pra terminar a tarefa. Pareciam crianças com brinquedinho novo. Pra se ter uma idéia, tentei inutilmente e por várias vezes chamá-los atenção pra uma ou outra tarefa, mas isso se mostrou inútil...como ninguém me dera atenção, saí de fininho e fui fumar um cigarro, recolhida à minha insignificância de TIC...


O esforço valeu a pena. Por mais medo que eu tivesse daquelas “criOnças” caírem, tomarem um choque, pegar uma insolação, não tinha como impedir essa riquíssima experiência. Aliás, eu ali num apitava em nada, a não ser pra pegar água pra alguém ou pra ficar que nem mum mantra importunando os ouvidos deles: cuidado pra não cair....pelamordedeus vcs vão acabar com o dinheiro da unidade do Philipe!!! e Por falar em Philipe, o coordenador da unidade que sediou o encontro, esse tão cioso, tão organizado, tão preocupado, tão zeloso....imagina a cara dele com tanta gente entrando, saindo, conspirando, criando, crescendo, trocando e chafurdando a unidade dele!!!!


E tome chegar equipamentos. Eu, Meiry e Paulo “campeamos' prefeitura, órgãos, Ongs pra trazer equipamentos necessários para utilizarmos como instrumento da construção colaborativa. Das nossas caminhadas, garimpamos 3 data-show 1 telão sério e mais 2 metaReciclados, 3 câmeras digitais, 3 filmadoras, drammel, E.V.A, notebooks, computadores, livros, papelão, 70 colchonetes e até planta ganhamos da comunidade...


E cadê o folder do encontro, e cadê dinheiro pra combustível...emprestei uma grana que nem minha era, Philipe, Meiry, Gutão, Paulo, as unidades ratearam e tome jogar em cartão de crédito em cheque pra 30 dias e tome a gente se descapitalizar, mas tome solidariedade, conforto, confiança....


e tome no final do dia comer pão com mortadela, queijo e refrigerante....ninguém aguentava mais!!!!


Nossa primeira tarefa oficial foi pegar a MariaLu? no aeroporto. Ao convidá-la pra participar do nosso Encontro, ela que faz parte do Cultura digital e que nos conhecemos numa das oficinas de conhecimento livre para os pontos de cultura, construímos (eu, ela e Uirá) a proposta de se fazer uma oficina de MetaVídeo?. Em poucas palavras, ela viria cobrir o evento, documentá-lo e fazer vídeo. No entanto, a idéia de ser uma metaOficina é que alguns bolsistas construiriam com ela a captação de imagens, a decupagem, a edição sob sua valorosa orientação.


Vinda do frio de São Paulo, a primeira coisa que fez foi espirrar ante o impacto do calor abrasador soprado pelos ventos alencarinos...tem nada, não... fizemos uma receira caseira no final da noite: cachacinha com limão...Não existe remédio melhor pra paulista!


Nessa conversa, dei-me conta de que já era quase tarde, fomos pra casa pois que logo pela manhã (por volta das cinco da matina) íamos pegar a galera de Juazeiro do Norte.


Dei início a um longo período de dormir no máximo 2 horas de sono por dia. (Quem manda não ter controle....como diaria minha mãe...se empolga e nem vê o tempo passar....)


Uma parte da galera viria de ônibus e outra parte de avião. Seriam 12 pessoas ao todo, e um amontoado de apetrechos...isso tudo para recriarmos dentro do ambiente, a unidade de Juazeiro e seu carro-chefe que é o “picadeiro das ciências”...literalmente um circo, com trapézios, malabares, monociclos...


Fui pegar a galera que veio de avião e Gutão foi pegar os que viriam de ônibus. Nos encontramos na unidade e fomos tomar café e nos preparar para o longo, extenuante e prazeroso dia. Afinal à noite íamos fazer o lançamento das unidades, inauguração e no outro dia íamos dar início oficial ao Encontro.


Não preciso dizer que o encontro entre as uniadades foi uma festa só e era gente correndo, pregando prego, colando cadeira, indo e vindo de um lado pra cá e pra lá, computador saindo de uma sala indo pra outra, amontoado de fios e os meninos da antena em cima da caixadágua e vendo a hora um deles “fazer uma arte”. E lá vem gente chegando no aeroporto e tendo que ir pegar, e imprensa ligando pra saber detalhes, e todos empenhados em compartilhar da criação do ambiente.


Minha vaidade há muito tinha se tornado gênero de nenhuma necessidade. Nada de ir à manicure, tirar sobrancelha, buço, arrumar cabelo...

Soube no dia anterior pelo Professor Marco que não viria ninguém de Brasília para tal da entrevista coletiva do lançamento e entre lisonja e agonia fui incumbida dessa tarefa. Desde então o frio na barriga subia e descia, fiquei esperando até o último momento que o Edgard chegasse como passe de mágica e coordenasse aquele evento!!!


Lembra de “Jeannie é um gênio”... sei, sei o Paulinho de Caucaia dirá assim: meu bem, não é do meu tempo!!!! Pois bem ela piscava o olho e tudo que ela queria se transformava...viajei nessa história.


Deu-se a parte chata da institucionalidade e o bom disso é que o projeto ganhou visibilidade e mais pessoas poderão usufruir do equipamento. Além é lógico, do reconhecimento de tod@s de que nosso trabalho fora feito com gosto. Não que a gente espere elogios...não é isso. Mas ser reconhecido faz parte da etiqueta mais primária da humanidade. Isso estimula, faz crescer. sobretudo quando tal reconhecimento é fundamentado, sincero.


Mas eis que nos momentos não tão bons está o da 'politicagem', os hospedeiros da oportunidade, vulgarmente conhecido como “oportunistas”, os que querem aparecer e que, infelizmente, temos que conviver. Não gostei do fato do coordenador da unidade não ter sido citado. Como não gostei da palavra não ter sido facultado às responsáveis legais das unidades de Caucaia e Juazeiro do Norte e da cena ter sido totalmente “hackeada”...(crackeada no caso) pela Prefeitura de Fortaleza. Que ficou com os holofotes todos e nessa leva, até o responsável legal de Fortaleza, se deixou enunviar. Fechou-se na sala da administração e tome fazer uma mini entrevista coletiva....não foi legal.


Isso deu um certo baque na equipe que se chateeou com o fato. Nos reunimos após o episódio e repactuamos a agenda do dia seguinte, as regras de convivência, como seria a história da infra, com quem fica a chave, essas coisas...


Trocamos umas idéias de forma descontraída e desanuviou um pouco a frustração...fomos, então, nos confraternizar. ...comer um baião-de-dois com carne- de- sol, uma cervejinha de leve e tome batucar na mesa, brincar, rir, contar piada, conversar sério.....


No outro dia, atrasamos o calendário. Por falta de comunicação com o motorista (cedido pela EMLURB), não pegamos os palestrantes de manhã cedo, mas isso não impediu que as oficinas começassem a rolar: de meta, de sala de leitura, de vídeo, de áudio, de teatro, de circo. A galera do MINc (cultura digital) veio chegando um a um: o Wille, quietinho mas de uma profundidade impressionante, o Édilo, um negro maravilho baiano de invólucro e conteúdo! O cara saca tudo da discussão de racismo e de vídeo. Moabe, de Recife, parecia que conhecia há anos tamanha a disponibilidade de interagir, e sua oficina de áudio que rendeu, dentre outras coisas, a vinheta da rádio Vila União que depois se transformou em rádio casa Brasil e que nos ajudou a colocar a rádioWeb no ar!!!!


Chegou também o Gera, que é um cara desses de você querer bem logo de cara. Figuraça! Que juntamente com MariaLu? e Édilo, teve a gentileza de passar conhecimento em termos de roteiros, enquadramento, vídeo e vida....


À tarde, fizemos a conversa sobre “economia solidária”, a partir do texto elaborado por Kelma Nunes da rede de gestores públicos de economia solidária e discutimos sobre o plano de sustentabilidade financeira das unidades do Ceará. A SENAES nos mandou um cara que saca tudo de economia solidária e cultura, o Luciano. Que além de tudo é DJ e ia tocar logo mais à noite com a banda Mundo livre e de quebra, ainda tivemos na sala, a presença da Cléia Silveira que veio nos dar uma força sobre gestão participativa . Ela que é a responsável pelo CESE de avaliar projetos. Nos deu dicas valiosas sobre ongs, mercado, sustentabilidae financeira, cadeia produtiva..etc. Acertamos que o CESE poderá nos apoiar finaceiramente num próximo evento para discutirmos gestão, captação de recursos...tá na nossa pauta!


As oficinas e nossa conversa rolou até á noite, até a hora que apertou a fome e a sede. Fomos levar a Cléia e a galera do cultura Digital pra jantar e nesse ambiente, também, rolou a maior troca de conhecimentos. Uma parte ficou na unidade, no telecentro, no auditório, vendo vídeo, fazendo som....


Uirá Porã chegou à noite e com ele todas nossas conversas sobre projetos federais de cultura digital, dos problemas enfrentados pelo Minc. Soube que eles tão sem receber salário há 3 meses e que os pontos de cultura irão acabar para dar lugar aos pontões e ninguém sabe ao certo o que fazer dentro dessa nova conjuntura....ele que é assessor do Cláudio Prado e que viu o nascedouro dos pontos de cultura, do cultura digital, do estúdio livre....


Veio acompanhar as oficinas e visitar os pontos de cultura de Fortaleza e e do Cariri. Esqueci de mencionar, que trouxemos pro encontro a galera dos pontos de cultura do Cariri....


Mas Uirá....sabe desses caras que tu fica horas e horas conversando e o papo sempre rola leve e interessante. Pois é, Uirá tem disso. Se já me amarrava nele antes, imagina agora que tivemos oportunidade de trocar idéias!!!!

No outro dia, desta vez, cedo, deu-se início as oficinas e a conversa sobre “pedagogia da autonomia”. Cristina de Juazeiro nos fez ir no dia anterior comprar dezenas do livro de Paulo Freire que inspirou o tema do debate. A conversa foi bastante interessante pois a Cléia Silveira sugeriu que as pessoas aplicassem Paulo Freire na prática, cada grupo pegaria um trecho do livro e escolia o modo com que apresentaria ao grupão. Disso, muitos grupos usaram da criatividade ....nada mais Freireano! A conversa toda foi documentada e em breve disponibilizaremos na rede. Vale a pena ver e ouvir!


Fomos deixar nossa Cléia no aeroporto e ficamos com a certeza de que o Casa Brasil ganhou uma aliada maravilhosa que se disponibiliza a passar seu conhecimento e contribuir com a sustentabilidade das Casas.


No mesmo dia, à tarde, estava previsto discutir a formação do “conselho gestor e intervenção na comunidade”. Com as oficinas acontecendo (rádio, áudio, meta, vídeo, picadeiro das ciências, sala de leitura) e nós (cordenação) envolvid@s na infraestrura, se tornou inviável prosseguir com esta programação. Contudo, algo que se firmou foi a necessidade de participarmos em bloco da próxima turma a ser formada no moodle com essa temática. Dentre o que se conversou, podemos destacar a idéia de que seja formado um conselho gestor provisório. Explicaremos mais detalhadamente o porquê dessa opção.


As oficinas rolaram até umas horas e a comunidade nos presenteou no auditório com um grupo de chorinho. Caímos na roda de samba...Logo mais, à noite, após o jantar, colocamos vídeos, músicas e algumas oficinas aconteceram madrugada adentro. Algumas pessoas aprendendo a mexer com gimp, trocando arquivos, idéias, outros fazendo oficinas de malabares, tecido, monociclo, teatro, criando blogs, editando vídeos, subindo pro estúdio livre, ...enfim, uma verdadeira construção colaborativa livre.


Destaca-se que colocamos a rádio no ar e colocamos parte das oficinas na net (streaming) com transmissão ao vivo.


Tivemos uma falha incrível. Quando fomos fazer a programação, esquecemos de que domingo era o dia das mães. Afora a apropriação da data pelo mercado, muitas mães e filhos não abrem mão de estar juntos. Assim, pactuamos com as pessoas para tirarem a manhã livre e retornarem à 14h. Quanto aos que não moravam em Fortaleza, estes, foram à praia e conhecer a cidade, visitar parentes, etc. O fato é que 14h não tinha quase ninguém. Repactuamos para as 16h mas as pessoas só conseguiram chegar por volta das 18h.


Fizemos a oficina de ferramentas de colaboração. Apresentamos o moodle, wikis, blogs etc. permanecemos na sala do telecentro. Uns editando vídeos, outros criando blogs, outros criando rádio...comemos pizza e viramos a noite, pegando arquivos, sons....


Ficamos de nos encontrar para o planejamento às 10 horas. Após comprar o lanche, dormi minhas duas horas e voltei pro evento que já estava a pleno funcionamento.

Os que dormiram bem à noite tomaram conta da programação. Cristina, Paulo e Philipe organizaram a metodologia do planejamento e mais tarde nos reunimos pra fazer a avaliação do encontro.


Como resumir um encontro tão intenso, tão colaborativo, tão rico em experiências, em crescimento, em construção do saber.


É bem óbvio que houve falhas na organização. Mas o fato é que experimentamos um modelo de encontro que é a cara do Casa Brasil onde todos são responsáveis por fazer e por não fazer. Tiramos algumas lições disso tudo.


Andréa Saraiva

25 de maio de 2007

15h e 10 min

CASA BRASIL

Casa Brasil é um projeto que tem como principal objetivo reduzir a desigualdade social em regiões de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), levando para esses locais um espaço que privilegia a formação e a capacitação em tecnologia aliada à cultura, arte, entretenimento e participação popular, com forte apoio à produção cultural local. Superando os conceitos de inclusão digital vigentes, o Casa Brasil não leva somente computadores e conectividade. O projeto permite que a comunidade se aproprie da sua unidade, transformando-a em um espelho cultural do local em que foi implementada, concedendo também aos cidadãos a liberdade de decidir, via conselho gestor, os rumos das atividades que são oferecidas aos freqüentadores.
O Casa Brasil surgiu como um espaço comunitário, de uso gratuito e acesso irrestrito, para promover a inserção tecnológica, a divulgação da ciência, cultura e arte, gerando a ampliação da cidadania através de grandes fios condutores como: democratização das comunicações, compartilhamento de conhecimento, valorização da mulher, respeito à diversidade e desmistificação das tecnologias. As principais linhas de ação do projeto são: comunicação comunitária, governo eletrônico, educação ambiental, economia solidária, cultura livre/software livre, cultura local, direitos humanos, conhecimento livre, alfabetização e leitura. As unidades do Casa Brasil são caracterizadas por possuírem estrutura modular que contém: telecentro, sala de leitura, auditório, estúdio multimídia e laboratório de divulgação de ciências e informática.

Essa página pretende, portanto, ser um estúdio de várias histórias legais que tão rolando por aí...